26 fevereiro 2009

Equador

equador Quem já leu o livro “Equador” conhece com toda a certeza a história e o contexto do livro, e caso já tenham tido oportunidade devem também ter reparado na série que está a decorrer na TVi.

Embora não tenha gostado do livro acabei por o ler integralmente e por absorver a sua história. Daqui posso retirar que cerca das primeiras 80 a 100 páginas do livro são passadas em Lisboa por uma das personagens e na Índia por outras duas personagens, servindo esta fase apenas para introdução e contextualização da história. Na série que a TVi transmite após 10 episódios só agora as personagens estão todas a chegar a Cabo Verde. Tendo em conta que cada episódio tem 1 hora e assumindo que de facto são 100 páginas de introdução, deparamo-nos com 10 horas para 100 páginas, ou seja, 1 hora/episódio para cada 10 páginas.

Tomando agora atenção a que o livro terá cerca de 520 páginas, parece-me a mim que nos deparamos com outra saga do género do “Anjo Selvagem”, leva-me isto a crer que teremos no mínimo 52 episódios para conseguir retratar toda a história do livro e perdendo a sua essência. É por estas razões que não saímos da cepa torta e não somos levados a sério nas nossas realizações.

Veja-se o exemplo do “Senhor dos Anéis – O Regresso do Rei”, 450 páginas numa letra extremamente mais pequena, concentradas em cerca de 3 horas de filme e sem necessidade de inventar, foi até necessário cortar algumas sequências menos importantes para o desfecho de forma a contar toda a história que realmente interessa.

A nossa TVi que se mostra “muito superior” a um grande estúdio de Hollywood e como não tem livro suficiente para ter uma série que dure mais de 1 ano explora outras áreas. Recorrendo a argumentistas de forma a esticar a história e o enredo, contando histórias paralelas de personagens que apenas são mencionadas no livro e que não têm qualquer influência para o enredo ou desfecho da história.

A isto chama-se inventar. Não intitulem esta série como a reprodução do livro, mas sim como uma história baseada no livro. Mais uma vez a “fantástica” TVi mostra o seu carácter recorrendo a enredos semelhantes ao "Big Brother” ou à “Quinta das Celebridades” de forma a agradar aqueles que desconhecem o verdadeiro conteúdo deste livro, repugnando aqueles que leram a obra e privando aqueles que não a leram de uma excelente obra literária, (não gostei da história, mas sou obrigado a reconhecer a qualidade da escrita e do enredo).

Por outro lado há que dar os parabéns à TVi. Com uma excelente manobra publicitária conseguiram cativar audiências e tornar esta série num sucesso. Apenas me entristece que a maioria da população portuguesa vá por este tipo de manobras e esteja tão facilmente sujeita a lavagens cerebrais. Algo que este nosso canal de televisão faz tão bem…

Sem comentários: