Vai-se andando

Uma peça de teatro excelente ontem à noite no auditório dos Oceanos no Casino de Lisboa.

Como sempre o José Pedro Gomes (JPG) esteve ao seu melhor nível levando todos os que o ouviram ás lágrimas, sendo que sem dar por isso já estávamos a rir de nós próprios numa clara sátira a nós: o povo português.
Um texto muito bem escrito que teve como único ponto baixo uma sátira política em que é sugerida a transformação de Portugal num parque de diversões. Um conceito interessante, mas em determinado ponto demasiado forçado. Fora este pequeno ressalto, foi uma performance notável de JPG que conseguiu, à semelhança do que tinha feito na peça teatral "O Último a Rir", estar duas horas em cima do palco absolutamente sozinho (sem ofensa para o galo insuflável que o acompanhou), e com um discurso muito bem encadeado praticamente sem falhas, com excepção de um breve momento em que perdeu o contexto num momento sempre cómico numa peça deste género.

Os principais temas foram a miscigenação de culturas que o nosso pais vive, a extinção do macho latino, o inevitável estado político do país, as idas à praia que são passadas na maioria do tempo no trânsito, as idas ás grandes superfícies comerciais ao fim de semana com o famigerado fato de treino e como uma tentativa de acabar de vez com a sogra e durante quase toda a peça as centenárias técnicas de "engate" que não mudaram muito desde o tempo dos descobrimentos.

É de facto uma peça que vale a pena ver, sendo certo de que necessitaram de sacos lacrimais com a capacidade de um garrafão de água.

P.S.: Se estão a pensar ir ver, aconselho vivamente o treino diário dos músculos faciais das bochechas para evitar dores musculares no dia seguinte.